Gustavo Tanaka – “Hora de aceitar que o Capitalismo não deu certo e que podemos criar um novo sistema” – 18.01.2016

Gustavo Tanaka – “Hora de aceitar que o Capitalismo não deu certo e que podemos criar um novo sistema” – 18.01.2016

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Esse não é um texto escrito por
um cara de esquerda, que sempre levantou a bandeira do socialismo.

Esse é um texto escrito por um
cara que sempre foi um capitalista.

Desde que eu comecei a formar
minha visão de mundo, eu fui influenciado pelas maravilhas do mundo
capitalista. Eu era daqueles que achava incrível a meritocracia, que achava que
eram as grandes corporações que promoviam a evolução da sociedade, que precisávamos
do livre mercado.

Nas aulas de história eu
secretamente comemorei a vitória dos Aliados sobre o Eixo, mesmo sendo de
origem japonesa. Eu queria que conseguíssemos criar um Estados Unidos da
América aqui no Brasil.

Ou seja, eu tenho todos os
motivos para ter vergonha de mim mesmo hoje. Mas não tenho. Tudo isso foi
preciso para eu compor minha visão de mundo e compreensão da vida.

Quando eu começo a criticar o
sistema, algumas pessoas dizem. “Mas o socialismo não deu certo”

E é aí que eu digo que o Capitalismo
também não.

Me desculpem, mas um sistema
que leva ao esgotamento dos recursos naturais e desconexão com a natureza, à
vidas infelizes com empregos de merda, à desigualdade de oportunidades e
padronização de uma vida mecanizada e valorização das pessoas erradas não pode
ser considerado um sistema que deu certo.

Vou explorar aqui alguns
pontos.

1 – Esgotamento dos recursos

Não temos mais reservas
minerais. Estamos destruindo a Floresta Amazônica, criando um mundo cinza,
feito de pedra. Poluímos nossos rios, lotamos de fumaça nosso ar e estamos
destruindo a camada de ozônio. 
A nossa agricultura é
monocultura e detona o solo.

Ou seja, criamos uma sociedade
que vive no asfalto, respira fumaça, come alimento com veneno e bebe água suja.

Legal né?

2 – Desconexão com a natureza

Hoje em dia ninguém sabe mais
como se planta um tomate.

Achamos que as frutas vem do
supermercado. Daquela seção pequena no canto da loja e com umas plaquinhas
coloridas. Algumas até já vem cortadinhas e embaladas.

Ao invés de ensinarmos como se
cultiva alimentos, ensinamos nas escolas como se passa no vestibular. Afinal,
precisamos de pessoas com diplomas e que consigam bons empregos.

3 – A condição bizarra que
alçamos a economia.

Outro dia eu vi um documentário
uma observação interessante.

Antigamente as pessoas temiam
os deuses e a natureza. Hoje o homem teme a economia.

Você vê pessoas amedrontadas
com o que pode acontecer com a economia esse ano, com o que isso vai causar no
mercado.

Mas veja bem. A Economia não
existe. Não é um ser vivo. O homem criou a economia. Nós mesmos criamos um
monstro que nos amedronta e controla nossas vidas.

Ninguém se preocupa se está
chovendo o suficiente, se o clima está mudando e afetando as plantações. Mas
falamos todo dia sobre a cotação do dólar.

Faz sentido isso?
4 – Uma sociedade de escravos do
sistema

Quantas pessoas você conhece
que gostariam de fazer algo diferente das suas vidas, mas não fazem porque tem
que pagar as contas no final do mês?

Já escrevi sobre isso algumas
vezes. Temos um sistema que não permite as pessoas serem quem elas são. Elas
vendem suas vidas por um salário no final do mês.

Eu não culpo essas pessoas.
Elas não têm culpa de nada. Cada um tem seu motivo, necessidades, estrutura,
filhos, saúde. É muita coisa pra pagar no final do mês. Eu entendo.

O erro está no modelo que
criamos.

5 – Meritocracia não é um modelo
justo

Quem merece mais que o outro?
Você deve responder que é o cara que se esforçou e se dedicou mais, certo?

Mas o que está por trás dessa
dedicação?

Talvez eu e você estejamos
competindo pela mesma promoção. Eu trabalhei 12 horas por dia e você “apenas”
8. Então a lógica é que a vaga seja minha.

Mas eu não tenho filhos, não
tenho dívidas, não sou casado e nem tenho familiares doentes. Você tem 2 filhos
pequenos, uma esposa sem emprego, dívidas que você herdou e um pai doente e que
necessita de cuidados. 
Faz sentido essa meritocracia?
6 – Uma sociedade que não
valoriza a arte

É mais importante ser produtivo
que ser criativo. Uma pessoa que sabe vender é mais útil que uma que sabe
criar. Alguém que obedece as regras consegue mais oportunidades que alguém que
tem o pensamento destrutivo.

Quem é bom de matemática ganha
mais dinheiro que quem pinta, esculpe ou compõe.

Como resultado disso temos
músicos virando analistas, artistas plásticos virando assistentes e escritores
virando advogados.

Quantas incríveis obras de arte
não matamos antes de nascer? Possivelmente fizemos um aborto das canções mais
lindas do mundo.
– Nunca é suficiente

As empresas querem crescimento
todo ano. Você já viu uma empresa estabelecer a meta de reduzir 15% do
faturamento?

Como é possível crescer todo ano?
Como é possível sempre vender mais?

Aqui entra uma falta de
compreensão da natureza. Talvez aulas de permacultura ao invés de macroeconomia
ajudaria os economistas e administradores a entenderem melhor isso.

Ficamos ansiosos. Sempre temos
metas a bater, temos que vender mais. Tem inflação e seu dinheiro nunca é
suficiente.

E assim vivemos sempre com a
cabeça no futuro e temos uma dificuldade impressionante de viver no agora.
8 – Vida sem equilíbrio
Comemos mal porque não temos
tempo de nos alimentar bem. Não fazemos exercício porque não sobram muitas
horas durante a semana. Não nos conectamos com a natureza porque moramos em
cima do asfalto e não tem verde no escritório. Não meditamos porque não podemos
nos dar o luxo de ficar 5 minutos com os olhos fechados. Nossos colegas de
trabalho nos criticam se a gente dorme até um pouco mais tarde um dia. Somos
mal vistos se queremos tirar férias para viajar e curtir a família.

É sério isso gente?

Se você acha que tudo isso é
assim mesmo e vivemos um sistema espetacular, então feche essa janela e
comemore a incrível vida que você tem.

Mas se você, como eu, está
mudando de ideia sobre o sucesso do capitalismo, compartilhe essa mensagem.

Eu não tenho a resposta para o
que funcionaria melhor. Certamente não é o socialismo que já se tentou
implementar. Mas não é uma coisa ou outra.

Acho que temos a possibilidade
de criar um novo sistema.

Temos que aproveitar esse
descontentamento e começar a explorar novas possibilidades. Não lendo e
tentando replicar o que já foi escrito, mas de dentro pra fora. Fazendo aquilo
que faz sentido dentro do seu coração. Experimentando a vida de uma nova forma.
Errando, recalibrando, recalculando e tentando mais uma vez.

Eu acho que isso faz um pouco
mais de sentido que esse sistema insano que criamos.
Gustavo Tanaka



P.S: Vanessa Naveen gratidão pelo
seu texto. Foi a inspiração pra escrever o meu. Acho que a vida é assim, a
gente vai um inspirando o outro sem mesmo nos conhecermos.



Autor: Gustavo Tanaka 
Autor do Livro “11 Dias de Despertar”
Veja mais Gustavo Tanaka Aqui
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