Gaia – “A noite escura da alma”

Gaia – “A noite escura da alma”

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Eu continuo profundamente inspirada e em
reverência das muitas e diversas jornadas da vida que são compartilhadas comigo
quase que diariamente. Eu sou também afortunada por ter a oportunidade de ter
encontrado muitos de vocês pessoalmente enquanto viajo ao redor do mundo,
apresentando as palavras e a sabedoria de Gaia em reuniões grandes e pequenas.

As palavras de Gaia são muito frequentemente
cálidas e expansivas, mas elas também podem ser muito firmes e diretas,
especialmente se ela percebe um obstáculo removível entre nós e a experiência
além deste obstáculo. Onde existir a possibilidade de ruptura, aqueles que
conhecem bem Gaia, lhes dirão: “Melhor estar alerta e pronto!”

Eu me senti impulsionada a compartilhar este
artigo com vocês porque ele fala a um aspecto mais tranquilo e íntimo de sua
consciência do que estamos muito frequentemente desejando compartilhar com
outros, pelo menos publicamente.

Sim, todos nós sabemos, entretanto, pelo menos
na teoria, que os nossos pensamentos criam a nossa experiência. E sabemos que
pensamentos positivos são vitais para as vidas saudáveis e produtivas. Mas o
que fazemos quando nos esquecemos de como fazer e ser isto?

Em quase todo seminário e em muitas das minhas
sessões particulares, uma pessoa tímida e auto-consciente me levará calmamente
para um lado e me confidenciará que eles sentem que se esqueceram de como ser
espiritualizados.

Mortificados por até emitirem as palavras em voz
alta, eles se relatam como se sentem diferentes de seus amigos
“espiritualizados” que parecem estar se expandindo quase que
multidimensionalmente – o fórum que só recentemente recebeu sua única expressão
da própria personalidade parece agora opressivo e exclusivista.

A minha própria resposta é que eu reconheço tudo
muito bem o que eles foram tão corajosos ao relatar, tendo experiências
similares em meu passado. As palavras de Gaia quanto ao assunto são gentis,
ressoantes e inspiradoras. Elas falam a este espaço silencioso dentro de nós
que se desespera e está embaraçado por se desesperar.

Com isto em mente, recebam, por favor, as
seguintes palavras como um ponto de referência – um que pode ou não já ser a
sua experiência, mas que pelo menos lhes oferecerá a sabedoria e a compaixão de
ser uma presença estimulante na vida do outro.

Nós somos seres poderosos e versáteis, capazes
de criar quase qualquer coisa que possamos sonhar ou conceber, mas somos também
suscetíveis aos momentos frágeis, temerosos e profundos. O artigo seguinte é
para um destes dias tempestuosos. Eu espero que vocês o recebam com a mesma
gratidão que eu.

“Eu experienciei o que eu gosto de chamar de um
momento e um ano de despertar pessoal há um ano atrás. Muitas das mudanças
positivas que eu tenho feito em minha vida são diretamente atribuídas a esta
experiência. Mas agora, quase um ano mais tarde, a minha vida está em um estado
de confusão e desordem. Eu não estou me alimentando ou dormindo bem, me sinto
emocionalmente instável e espiritualmente desequilibrada.

Eu tenho tido pequenos ataques de ansiedade e
surtos temporários de depressão. Na superfície nada mudou realmente, e eu não
posso ajudar além de imaginar por que as coisas não estão tão boas ou melhores
como elas eram. O que aconteceu? O que mudou? Recentemente alguém me falou
sobre algo chamado de “a noite escura da alma”.

Você poderia descrever esta condição e me dizer
se é isto o que eu estou experienciando? Se for, há uma cura? Com o decorrer
dos anos eu tenho visto que diferença as suas palavras têm feito a leitores
inumeráveis. Eu rogo que o mesmo seja verdade para mim”.

É importante começar a se lembrar e a reconhecer
que o despertar espiritual, como outros eventos convenientes (e não
planejados), não são momentos momentâneos de êxtase, seguidos por existências
delirantes de glória.

O despertar espiritual são momentos
extraordinários que transcendem o comum e então continuam a se revelar dentro e
através das existências da experiência. Tais momentos, entretanto tanto quanto
durem, são mudanças na consciência de um estado de consciência ao próximo.
Enquanto estes sejam de importância imensurável para o crescimento de sua alma
e estejam indelevelmente gravados em sua memória celular, eles são também momentos
singulares, tanto quanto se referem os céus.

Eles não podem se comparar à totalidade da
jornada progressiva de sua alma, que é pelo menos, tão vasta quanto a medida
deste universo. Somente quando todas estas experiências estiverem
sensibilizadas juntas, poderá a beleza e o brilho da pérola de cada indivíduo,
começar a refletir corretamente a sua totalidade. A expansão de sua consciência
é orgânica e contínua. Ela não requer, e de fato transcende, todos os momentos
temporários de êxtase.

Acredite nisto ou não (e contrário a opinião
contemporânea), as realizações habituais da alma e sua personalidade em suas
atividades diárias são mais do que adequadas. Deus não julga ou mesmo avalia
quantas de suas atividades são espirituais versus mundanas, mas a humanidade
sim.

Tão ridículo como isto possa parecer, enquanto
vocês estão procurando o seu propósito de vida, vocês o estão vivendo sob
qualquer condição. Não poderia ser de outro modo, quando Tudo O Que É é sempre
intencional e nunca inconsistente. Gostemos disto ou não, devemos também
reconhecer que vocês são um ser humano em treinamento primeiro, e na prática,
um místico, sábio ou espiritualista, em segundo.

Assim, a sua experiência deve, para a maior
parte, refletir esta lei. O fato que o seu ser atualmente vive em um veículo de
luz mais densa, chamada de corpo humano, faz com que esta lei tenha precedente
sobre as outras. O princípio da lei universal leva a enfatizar momentos como
estes, porque daria uma reviravolta rapidamente de outra maneira.

Assim sendo dito, é difícil não ser agitado
pelas experiências que parecem não menos do que brilhantes. Durante tais
momentos, a alma se rejubila e a personalidade esquece os problemas e conflitos
que estiveram tentando dominar.

Estas celebrações são lembretes de que há sempre
uma realidade maior e menor que existem lado a lado e como uma. A alma não se
define por estas experiências, mas elas a guiam apesar disto. Por causa do
contraste, notem que a alma não vê como vasta uma diferença nestas experiências
como a personalidade.



Este é um reflexo da dependência da
personalidade da terceira dimensão nos opostos, tais como bem e mal, luz e
escuridão. A personalidade humana avalia, julga e compara os opostos a sua
própria experiência, usando-as como um padrão se necessário, considerando que
as experiências da alma se opõem somente como uma variação dentro de um
contexto maior.

A NOITE ESCURA

A noite escura se revela como um processo
intensamente humano no qual o eu, que tem até este momento pensado em si mesmo
como espiritual e assim, invencível pelas abstrações de uma vida mediana, é
forçado a dar um segundo ou terceiro olhar. Algumas vezes a alma (como
personalidade), deve até se voltar em oposição a onde ela acreditava estar
indo, a fim de recuperar as qualidades necessárias que ela negligenciou ou
deixou.

A sua alma está interessada em unificar o todo e
não deixará por menos. Todos estão sujeitos ao desfecho que é a noite escura, e
até a vida mais cuidadosa, habilidosa e culta é sem exceção. Os bem informados
espiritualmente, aqueles que se sentaram aos pés do seu mestre por uma
existência ou duas, parecem responder a esta lei natural com uma severidade
particular, atacando outros ou impondo a ferida nos outros enquanto o drama se
desencadeia inevitavelmente.

Embora difícil e precária, a noite escura é uma
jornada que vale experimentar, tanto quanto ao que se refere a alma. Pode-se
disputar a jornada do início enquanto o caminho é amplo, mas quando ele
eventualmente se estreita, somente o verdadeiro buscador suportará o que é
pedido.

A verdadeira coisa que trouxe ao êxtase assim
desejado pela personalidade se oferece agora de modo diverso, o presente é o
mesmo, mas não é recebido como tal. O despertar espiritual é o resultado da
própria escolha para se desenvolver como o Eu. Ele é mais uma oportunidade de
experienciar a realidade, do que uma ilusão de se perceber como real.

Imaginem uma imagem em um espelho saindo deste
espelho pela primeira vez e voltando-se para se recordar no reflexo. Vocês
podem ver como poderia ser profunda a experiência para o Eu, e ao mesmo tempo
devastador para o pequeno eu?

O eu menor, despreparado para a experiência,
percebe somente a falsidade e a insignificância que ele acredita ter vivido,
mais do que a maravilhosa oportunidade que é apresentada. A distância entre o
eu e o Eu define a noite escura e quanto tempo ela durará. Agora ele se lança
no “lugar” da alma, ou do coração purificado, vê o seu caminho através da
obscuridade da sua condição humana até que seja capaz de ver na escuridão, e
eventualmente atravessá-la.

Neste estado, o eu sente cada limitação como
finita e final, perdendo assim o seu poder de fazer ou ser qualquer coisa criativa
ou original. Tão cruel quanto esta transição possa parecer, virá um momento em
que a alma e a personalidade surgirão como uma, e saberão claramente, uma vez e
para sempre, onde está a mão de Deus, assim como o que A move.

O AFASTAMENTO DO ESPÍRITO

Nesta nova era, quando a iluminação como avatar
e a arte de receber transmissões do Espírito são todas trivialidades, a noite
escura frequentemente se manifesta na mudança desta mesma associação.

Os professores espirituais mestres, como idéias
objetivas de consciência evoluída, se tornaram pontos centrais de auxílio.
Quando estes são afastados pelas leis superiores do Espírito, eles deixam para
trás um resíduo perfumado que é todo também substituído rapidamente por uma
parede impenetrável de obscuridade. O que poderia ser a substituição por tal
amor íntimo e mútuo do e para o Espírito?

Logo surge o pensamento de que somente o que é
indigno de ser amado poderia ser assim facilmente descartado. E aí começa a
angústia.

Para os sensitivos e intuitivamente organizados,
esta perda espiritual é mais difícil de suportar; a ausência é mais amarga
porque o processo era muito doce. Este afastamento é frequentemente tanto
pessoal quanto impessoal.

Por exemplo, se o canal (Pepper Lewis) cuja
caneta oferece agora as palavras de Gaia, fosse cair em uma noite escura,
silenciaria muito provavelmente também a caneta. Muito mais do que imaginados
caíram no desespero descrito neste lugar, apegando-se ao ego com resultados
infelizes para o seu suprimento de palavras condicionadas e exortadas.

Com o contato espiritual quase eliminado, o eu é
deixado para se recuperar como se fosse da morte. Na privação, o eu retorna ao
seu lugar de inocência e de simplicidade, algumas vezes até se lamentando em um
modo pueril, sem ser mais desamparado.

Aí o eu deve começar de nova forma, pois até
aqueles que acreditam que nada têm, ainda tem tudo na eternidade, e esta é a
verdadeira coisa que eles devem começar a redescobrir.

Deuses e professores que exaltam o eu ou a alma
não são Deus o suficiente, que é porque um sentido mais verdadeiro da divindade
se segue frequentemente a estas experiências de tristeza e de privação.

EXALTANDO OS SUBORDINADOS

Aqueles que se acreditam mais inocentes e puros
em seus pensamentos e ações sofrem uma noite diferente. Estes indivíduos,
auto-exilados em tortura perpétua, são quase impulsionados a ver uma exibição
constante de menos indivíduos merecedores recompensados por cada menor ação.

Parece-lhes que eles, que são tão merecedores do
amor e ventura de Deus, permaneçam em último lugar, esquecidos, caídos e
ignorados. Emudecidos por tal volta nas circunstâncias, e apesar de suas
auto-correções tentadas, eles começam a pensar e expressar pensamentos doentios
em relação à generosidade e recursos dos outros.

Dominados pela sua própria má sorte, maus
presságios e infortúnios prolongados, continuam a ser a sua experiência quase
que diária. Quanto melhores ações eles realizam, mais parece que eles caem na
escuridão da qual eles parecem não poder sair. Neste ponto, muitos começarão a
acreditar que Deus certamente favorece a escuridão e aqueles que pensam para e
deles mesmos primeiro.

Quando os eventos se transformam de ruins para
piores, o seu conflito se torna ou para ser como os outros são e para receber
como eles, ou viver no ostracismo e solitários em um mundo que não mais os
recebem. No processo da noite escura, a alma se purifica através da experiência
e de suas próprias imperfeições. A alma, acompanhada pela personalidade, revê
cada pecado real ou imaginário.

Cada partícula e átomo são ampliados a uma
enorme proporção, de modo que nenhum detalhe possa ser negligenciado. Com tal
distorção, o eu não pode ajudar além de ver a sua desgraça e sua criatura. Enquanto
a distância entre o eu e a alma aumenta, assim também a distância entre a luz e
a escuridão, tornando os confortos da vida pouco mais do que abstrações e
delírios; ambos são fardos pesadamente carregados sobre os ombros, agora
frágeis e incertos.

A NOITE PERPÉTUA

Faz parte da natureza humana se lamentar sobre o
inevitável, olhar para trás os erros, mais do que à frente para o desconhecido,
e pensar que a boa vontade deveria ser permanente e a doença temporária.

Há uma verdade maior, entretanto, que todas as
coisas são temporais e temporárias. Isto sendo dito, o seu ser, isto que é a
presença de sua alma, é eterno. Isto que é temporário é um aspecto do que é
permanente, mas isto que é permanente não é um aspecto do que é eterno. É esta
verdade (também uma lei universal), que o eu-personalidade/Eu-Alma se esquece
durante a sua descida na noite escura.

A permanência é revelada nisto que dura
eternamente ou por um longo tempo. Isto se aplica a tudo que é imutável ou não
esperado a sofrer uma mudança significativa. A permanência se relaciona a tudo
o que é físico. Isto pode se aplicar a Stonehenge, assim como ao seu corpo
físico.

Acredita-se que Stonehenge resistiu por muitos
milhares de anos, e pode-se imaginar ele resistindo por muito mais. Parece
quase como se ele pudesse ser um acessório permanente, mas como foi
intencionalmente criado, um dia ele será consumido quando o seu propósito não
mais existir.

O mesmo é verdadeiro quanto ao seu corpo físico.
Ele parece sólido e permanente porque é intencional em seu ser. Um dia, quando
o seu propósito maior for outro do que é hoje, vocês poderiam escolher em se
entregar ou refazê-lo em outra forma. Com o tempo, a permanência e o propósito
são seus.

A eternidade é uma qualidade não física. Ela é
infinita e, portanto, não é afetada pela passagem do tempo. A sua alma é feita
desta qualidade eterna. É o que torna a sua alma destinada a descobrir a sua
própria divindade. Um dos caminhos pelo qual a sua alma segue a sua jornada destinada
é através da experiência da encarnação humana.

O que é permanente e o que é eterno tem um
relacionamento muito exclusivo. Ambos obedecem as mesmas leis: uma por sua
manifestação física e a outra por seu contraste. O eu e o Eu (não o inferior e
o superior), obedecem as mesmas leis, e enquanto os dois se complementam,
frequentemente é o seu contraste que desafia mais os humanos.

Este contraste pouco compreendido é um fator
contribuinte na separação que é muito frequentemente descrita no processo da
noite escura. A alma, reconhecendo-se como eterna, acolhe a noite escura como
uma oportunidade de rever as suas experiências mais inseguras. A alma busca
intensificar a sua jornada e vê a noite escura como pouco mais do que um
pré-alvorecer.

A própria personalidade, acreditando que o seu
propósito está associado com uma existência, teme vacilar ou até protelar. A
personalidade vê a noite escura como um exame fracassado, aquele que tentou e
falhou; ela aguarda somente o castigo merecido por seu pecado, que não é nada
além da natureza humana.

A REINTEGRAÇÃO DA LUZ

A noite escura dura somente tanto quanto houver
um pecado percebido. Se alguém puder ver em um despertar espiritual não mais do
que uma progressão de momentos eternos, então uma noite escura não durará mais
do que a própria noite.

Um despertar espiritual é motivo para
celebração, mas não é uma recompensa que é dada em um dia (ou um ano) e então
levado de volta ao seguinte. Ainda assim, é apropriado se adaptar a jantar
suntuosamente em uma noite e compartilhar de uma simples refeição na seguinte.
O dia muda para a noite tão certamente como a noite se transforma em dia, e o
mesmo poderia não ser mais verdadeiro de suas experiências.

Confusão, desordem e ansiedade reinam quando a
separação é mais presente. Se vocês estão separados da respiração que vocês
atraem, então vocês intensifiquem a inspiração e exalem a expiração. Se a sua
consciência não estiver em seu bem-estar físico, então a insistência do seu
corpo pela nutrição não ficarão satisfeitos. E se vocês temerem que lhes falta
a coragem de persistir e de superar os obstáculos, o seu corpo não descansará e
não se entregará à paz que o sono traz.

A estabilidade emocional é o resultado da
confiança que se sente pelo momento seguinte e pela experiência seguinte. A
depressão é a reivindicação insistente, mas não bem sucedida do eu que sozinho
está no controle. Sem a cooperação e o reconhecimento dos dois hemisférios do
cérebro, o equilíbrio permanecerá em uma distância inatingível. O equilíbrio espiritual
será restaurado quando as crenças rígidas se dissolverem em novas
possibilidades.

A noite escura da alma é um fenômeno associado
com o despertar espiritual e não deveria ser temido. Uma noite escura não segue
ou precede necessariamente a um despertar espiritual, mas também é uma
experiência da expansão da alma.

Entretanto tomem cuidado com aqueles que
prometem um caminho que viaja distante de seu próprio centro e a este de outro.
Estas experiências muito freqüentemente resultam em um diferente tipo de dor e
sofrimento.

Sejam pacientes enquanto se movem através destas
experiências, e envolvam-se com aqueles que lhes concederão a mesma
compreensão. Prossigam lenta e gentilmente, conquanto o seu caminho poderá
permanecer obscuro durante este ciclo. Compadeçam-se se deverem, mas não
insistam.

GAIA



Sedona Journal of Emergence
Canal: Pepper Lewis
Tradução: Regina Drumond – reginamadrumond@yahoo.com.br
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