Joanna de Ângelis – “Reflexões sobre a calúnia”

Joanna de Ângelis – “Reflexões sobre a calúnia”

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Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e
da imperfeição humana.

Considerado como planeta-escola, o mundo físico
é abençoado reduto de aprendizagem, no qual são exercitados os valores que
dignificam, em detrimento das heranças ancestrais que assinalam o passado de
todas as criaturas, no seu penoso processo de aquisição da consciência.

Herdando as experiências transatas nos seus
conteúdos bons e maus, por um largo período predominam aqueles de natureza
primitiva, por estarem mais fixados nos painéis dos hábitos morais, mantendo os
instintos agressivos-defensivos que se vão transformando em emoções,
prioritariamente egóicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com todos
aqueles que fazem parte do grupo social onde se movimentam. Inevitavelmente, as
imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas que proporcionam a
ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o ressentimento, a
agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a calúnia e outros
perversos comportamentos que defluem do ego atormentado.

Toda vez, quando o indivíduo se sente ameaçado
na sua fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do próximo, é dominado
pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe seu adversário.

Porque ainda se compraz na situação deplorável
em que se estorcega, não deseja permitir que outros rompam as barreiras que
imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento espiritual,
assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao seu trabalho,
criando desentendimentos em sua volta, produzindo campanhas difamatórias, em mecanismos
de preservação da própria inferioridade.

Recusando-se, consciente ou inconscientemente, a
crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os tesouros do
discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade mental e moral
em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua e
retroalimentando-se com a própria insânia.

Torna-se revel e não aceita esclarecimento, não
admitindo que outrem se encontre em melhor situação emocional do que ele, que
se autovaloriza e se autopromove, comprazendo-se em persegui-lo e em
malsiná-lo.

Ninguém consegue realizar algo de enobrecido e
dignificante na Terra sem sofrer-lhe a sanha, liberando a inveja e o ciúme que
experimenta quando confrontado com as pessoas ricas de amor e de bondade, de
conhecimentos e de realizações edificantes.

A calúnia é a arma poderosa de que se utilizam
esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para tisnar a
reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se, optando pelo seu
rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria ascensão no rumo da
felicidade.

A calúnia, desse modo, é instrumento perverso
que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de vitória, valendo-se das
imperfeições de outros compares que a ampliam, sombreando a estrada dos
conquistadores do futuro.

Nada obstante, a calúnia é também uma névoa que
o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra que dificulta a
marcha e das acusações aleivosas que afligem a quem lhe ofereça consideração e
perca tempo em contestá-la.

Nunca te permitas afligir, quando tomes
conhecimento das acusações mentirosas que se divulgam a teu respeito, assim
como de tudo quanto fazes.

Evita envenenar-te com os seus conteúdos
doentios, não reservando espaço mental ou emocional para que se te fixem,
levando-te a reflexões e análises que atormentam pela sua injustiça e maldade.

Se alguém tem algo contra ti, que se te acerque
e exponha, caso seja honesto.

Se cometeste algum erro ou equívoco que te
coloque em situação penosa e outrem o percebe, sendo uma pessoa digna, que se
dirija diretamente a ti, solicitando esclarecimentos ou oferecendo ajuda, a fim
de que demonstre a lisura do seu comportamento.

Se ages de maneira incorreta em relação a outrem
e esse experimenta mal-estar e desagrado, tratando-se de alguém responsável,
que te procure e mantenha um diálogo esclarecedor.

Quando, porém, surgem na imprensa ou nas
correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia, acusações
graves contra ti, sem que antes haja havido a possibilidade de um
esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse adversário não
deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse subalterno de projetar a
própria imagem, utilizando-se de ti…

Quando consultado pelos iracundos donos da
verdade e policiais da conduta alheia com a arrogância com que se comportam,
exigindo-te defesas e testemunhos, não lhes dês importância, porque o valor que
se atribuem, somente eles mesmos se permitem…

Não vives a soldo de ninguém e o teu é o
trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento intelecto-moral, de
fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te encontrando sob o comando de
quem quer que seja. Em razão disso, faculta-te a liberdade de agir e de pensar
conforme te aprouver, sem solicitar licença ou permissão de outrem.

Desde que o teu labor não agride a sociedade,
não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de socorro a todos quantos padecem
carência, continua sem temor nem sofrimento na realização daquilo que
consideras importante para a tua existência.

Desmente a calúnia mediante os atos de bondade e
de perseverança no ideal superior do Bem.

Somente acreditam em maledicências, aqueles que
se alimentam da fantasia e da mentira.

Alegra-te, de certo modo, porque te encontras
sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso

Todos aqueles que edificaram a sociedade sob
qualquer ângulo examinado, padeceram a crueza desses Espíritos infelizes,
invejosos e insensatos.

Criando leis absurdas para aplicarem-nas contra
os outros, estabelecendo dogmas e sistemas de dominação, programando condutas
arbitrárias e organizando tribunais perversos, esses instrumentos do mal,
telementalizados pelas forças tiranizantes da erraticidade inferior,
tornaram-se em todas as épocas inimigos do progresso, da fraternidade que
odeiam, do amor contra o qual vivem armados…

Apieda-te, portanto, de todo aquele que se
transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações edificantes com
Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas atividades, orando por
eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus, sedo compassivo e
misericordioso, nunca lhes revidando mal por mal, nem acusação por acusação…

A força do ideal que abraças, dar-te-á coragem e
valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e quanto mais ferido,
mais caluniado, certamente mais convicto da excelência dos teus propósitos, da
tua vinculação com o Sumo Bem.

Como puderam, aqueles que conviveram com Jesus,
recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?

Após receberem ajuda para as mazelas que os
martirizavam, como é possível compreender que, dentre dez leprosos, somente um
voltou para agradecer-Lhe?

Como foi possível a Pedro, que era Seu amigo,
que O recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele, negá-lO, não uma
vez, mas três vezes sucessivas?!

…E Judas, que O amava, vendê-lO e beijá-lO a
fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de horror?!

Sucede que o véu da carne obnubila o
discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres, e as injunções sociais,
culturais, emocionais, neles produzem atitudes desconcertantes, em antagonismos
terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.

Todos os seres humanos são frágeis e podem
tornar-se vítimas de situações penosas.

Assim, não julgues a ninguém, entregando-te em
totalidade Àquele que nunca Se enganou, jamais tergiversou, e deu-Se em
absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade e da Vida.

Joanna de Angelis


Mensagem psicografada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, na manhã de 29 de outubro de 2010, na Mansão do Caminho, em
Salvador, Bahia.




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