Camila Picheth – “A Roda do Samsara de Dark – e Como Quebrá-la”

Camila Picheth – “A Roda do Samsara de Dark – e Como Quebrá-la”

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“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano” – Isaac Newton

A série Dark fez um grande sucesso na plataforma Netflix, trazendo uma trama bastante complexa, mas ao mesmo tempo, simples. Durante três temporadas, exploramos os variados caminhos das linhas de tempo, das crenças que movem nações, do livre arbítrio, da roda do sofrimento que continua a girar quando estamos pautados no ego. Canalizada de maneira maravilhosa (mesmo que seus criadores não sejam conscientes disso), a série se torna fundamental para entender a multidimensionalidade e a necessidade do soltar. Como diria Albert Einstein, “A diferença entre passado, presente e futuro é somente uma persistente ilusão”. 

[Atenção: O texto contém spoilers das três temporadas]

Durante a primeira temporada de Dark, descobrimos um intrínseco caminho entre três linhas de tempo e uma força que guiava o destino de todos os envolvidos. Tivemos um flerte com questões familiares, em que um personagem atuava como filho e pai na mesma linha, e isso foi ainda mais destrinchado na segunda temporada. Estávamos diante de um nó paradoxal em que uma árvore genealógica se auto criava repetitivamente permeando as décadas, e que todas as ações, por mais distintas que fossem, levavam ao mesmo resultado. De novo e de novo e de novo.

Se já tínhamos em ordem as linhas de tempo, suas conexões e resultados parentais, o final da segunda temporada nos traz um novo agravante: outro mundo, uma nova realidade que também se cruza e mistura com tudo aquilo já mostrado. Apenas uma coisa é constante e real para todos os personagens: o sofrimento. Todos sofrem, o tempo todo, presos em um looping infinito de acontecimentos que são o início e fim de si mesmos. É uma roda de dor que persiste a girar, uma eterna angustia de perdas e tentativas de conserto. 

Não temos aquela máxima, de que só podemos ter resultados diferentes se agirmos de maneira diferente? Mas o que aprendemos com a narrativa, além de muitas outras coisas, é que o mundo das infinitas possibilidades só consegue se manifestar quando estamos em um estado de entrega. Quando estamos pautados nos desejos do ego, a realidade é bastante limitada. Vamos falar de desejos?  

“O homem é livre para fazer o que quer, mas não para querer o que quer” – Arthur Schopenhauer

Com inúmeros estudos principalmente na área da psicologia e neurociência, já sabemos que existe uma “mão invisível” que controla nossas ações: o subconsciente. Achamos que estamos em total controle de nossa vida, mas isso não passa de outra ilusão. Pelo menos 90% das tomadas de decisões vem desse lugar e, se o desconhecemos, não é de estranhar que uma pessoa chegue ao final de sua vida e não saiba como chegou lá. Aí está a gigantesca importância do autoconhecimento, do entendimento daquilo que se passa no nosso subconsciente, de compreender de onde vem nossos desejos. 

Temos uma extensão de autores que por muito tempo não foram levados a sério sobre o assunto, e dado ao frenesi da nossa sociedade contemporânea, ainda não são. Até mesmo Napoleon Hill, autor do livro “Pense e Enriqueça”, publicado em 1937, que virou a bíblia daqueles que querem ser bem sucedidos na vida, fala sobre o “estranho magnetismo” que um pensamento pode gerar. Como o profundo desejo manifesta situações e pessoas de acordo com ele. Hill ensina técnicas para ir configurando o subconsciente, porque ele entendeu que, se deixado rodar livremente, esse é um programa em nosso software que gera o caos, uma vez que sua programação está conectada ao inconsciente coletivo e suas crenças.

Se apenas lidar com o nosso próprio subconsciente e realidade já é uma tarefa que exige muita aceitação e disciplina, muito “orai e vigiai”, imagine ainda ser conduzido por pilares que acreditam que possuem a resposta para tudo. Aqui entra “Adão e Eva”, a luz e a sombra, os extremos de uma mesma linha.  

“Nosso pensamento é moldado pelo dualismo. Entrada, saída. Preto, branco. Bom, mal. Tudo aparece como pares opostos. Mas isso está errado.” – Tannhaus
      
Adam comandava os acontecimentos de um mundo, seu “amor” levava ao desejo de destruir tudo, para finalmente obter paz. Eva comandava os acontecimentos do outro, seu “amor” fazia tudo acontecer da mesma maneira sempre, para poder estar com aqueles que amava, mesmo dentro do looping de sofrimento. A questão é que eles não estavam sentindo amor, e sim apego. O apego vem do ego e, como vimos, o ego torna a realidade muito limitada. O ego faz com que as ilusões sejam reais, mas isso só pode levar ao sofrimento, pois a verdade da alma não segue esse caminho. Essa bolha deve ter existido por éons de tempo, um mundo criando e potencializando o outro, fadados sempre ao mesmo resultado, por estarem pautados no apego.

E então entra a terceira força (e não é sempre assim?), e mostra um novo caminho. Uma força que não se contentava com o ciclo de sofrimento, que resolveu escutar ambos lados e achar sua própria verdade: essa força se manifesta em Claudia. Diga-se de passagem, que seu amor também não é cristalino, porque ela decidiu seguir em outro caminho para evitar a morte de sua filha e seu consequente próprio sofrimento, mas só o fato de querer algo diferente já foi o suficiente para encontrar a verdadeira origem. A terceira realidade, a original, a que criou aqueles dois mundos. Ali havia um sentimento de apego tão grande de um pai por sua família que o fez rasgar o espaço-tempo para tê-la de volta – e não era pra todo mundo daquelas realidades serem tão apegados?    

“Pergunte a si mesmo se você é realmente livre. Se fosse livre de verdade, não teria escolha. Você tem escolha?” – Claudia

Para acabar com o sofrimento, para fazer a roda parar de girar, é necessário soltar. Soltar de tudo que você acha que é importante, soltar daqueles que você acha que ama, mas é apegado. Jonas e Martha, os futuros (ou passados?) Adam e Eva, precisam soltar de sua própria existência para quebrar o ciclo. Eles não sabiam se, ao evitar que suas realidades fossem criadas, eles não desapareceriam para sempre. E então, entra todo o universo daquele oceano que ignoramos. Quando soltamos, entramos do fluxo de como as coisas realmente funcionam, saímos da famigerada Matrix. Aquele Jonas e aquela Martha existiram em algum ponto do tempo-espaço, e isso nunca deixará de existir, pois “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Nem que seja na forma de um repentino déjà-vu, em um rápido acesso a uma realidade que não está em vigor dentro de determinada perspectiva. Eles conseguiram quebrar aquela roda do Samsara ao dar o pulo mais difícil de todos: o em direção ao total desconhecido, em que o ego fica louco, pois ele não tem controle algum. E é aí que as coisas realmente começam a acontecer. O fim é o começo. Será que aqueles que brindaram a um mundo sem Winden conseguirão fazer a mesma coisa?

Quando Claudia fala sobre escolhas e liberdade, podemos lembrar da mensagem de muitos mestres (terranos e ascensionados), que discorrem sobre o livre-arbítrio. Ele está intrinsecamente atrelado à experiência da realidade da Terra, pois somos livres para escolher o caminho que queremos. No entanto, como já vimos, o caminho do desejo é um tanto complicado, resultando em algumas possibilidades, mas certamente sem liberdade. Quanto mais alinhados com a verdade Crística, menos escolhas teremos, pois muitas delas não farão o menor sentido. Para que vou fazer mal ao outro se o outro é meu irmão e, em última instância, sou eu mesmo? Quanto mais nos deixamos fluir pelos caminhos que o ego não tem controle, menos escolha teremos, mas nossa liberdade será infinita.     
 
“No final, todos nós temos o que merecemos.” – Adam   

Particularmente, já aceitei que, em meu corpo biológico encarnado na experiência terrana, nunca vou entender exatamente como o universo funciona. Mas, assim como também não entendo exatamente como o motor de um carro funciona, não significa que deixarei de usá-lo e tirar o melhor proveito dele. Obras como essa são de essencial importância para nos fazer questionar nossa realidade e mergulhar em outras possíveis.

Dark encerra sua obra com muitos méritos, mas acredito que há dois conceitos principais que podemos tirar da narrativa. Um deles é a Roda já analisada acima, que, aliás, pode ser vista de maneira micro e macro. A forma micro é focar naquela história em particular e, de maneira metafórica, em nossa própria vida atual; são situações e relacionamentos que permeiam e se repetem em nosso cotidiano. De forma macro, podemos pensar na história da humanidade que conhecemos. Como Ashtar já disse (deixarei alguns links no final do texto), até agora foi basicamente o mesmo grupo de almas que ficou encarnando e desencarnando na Terra. Em corpos diferentes, já fomos nossos pais, nossos filhos, nossos inimigos, nossos amados. Um já matou o outro, um já ajudou o outro. Ao olhar o desdobramento dessa visão macro, vemos novamente a importância de se desprender de ciclos, porque ficamos presos na mesma roda, encarnação após encarnação. Da mesma maneira, aprendemos também a não julgar o outro, porque existem uma série de fatores que não enxergamos (seja uma batalha pessoal dessa vida ou um resgate de outra) que levam a certas ações. O soltar da razão soberana se mostra fundamental.   

O outro principal conceito da série é o da multidimensionalidade. Quantas vezes você já ouviu o termo sem saber bem o que isso significa? Dark consegue dar uma linearizada para nossa mente. Na história, temos o mesmo personagem em várias épocas e em diferentes realidades, cada um com diferente nível de consciência. Mas ainda assim, é a mesma “pessoa”. Assistir as três temporadas e todos os “vai e vem” no tempo-espaço ajuda a mente, ao mesmo tempo, travar e soltar a linearidade. Se tratando de Dark, não poderia ser diferente.  

“Ontem, hoje e amanhã não são consecutivos, eles estão conectados em um círculo sem fim. Tudo está conectado.” – Noah

Deixo abaixo alguns conteúdos que acredito estarem relacionados às temáticas aqui presentes. 

Gratidão a todos que acompanharam o texto até o final, independente da época, linha de tempo ou dimensão. Espero poder ter contribuído com a reflexão sobre série, e sobre nossa própria existência.  

Camila Picheth


Livre Arbítrio / Amar a Deus acima de todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo – https://anchor.fm/sementes-das-estrelas/episodes/Livre-Arbtrio–Amar-a-Deus-acima-de-todas-as-coisas-e-ao-teu-prximo-como-a-ti-mesmo-eg4s61 



Série DARK: O maior segredo do autoconhecimento revelado – https://youtu.be/9HfLYx5H1vc 


Encontro com o Barão de Mauá – Parte 2: O frágil julgamento – https://www.sementesdasestrelas.com.br.br/2020/03/encontro-com-o-barao-de-maua-parte-2-o.html

Ashtar – “As 3 (três) fases do mergulho, quantas vidas você teve? a intromissão, voltando no tempo e mais…” (Neva/Gabriel RL) – https://www.sementesdasestrelas.com.br.br/2019/08/ashtar-as-3-tres-fases-do-mergulho.html

Ashtar – “A História da Criação – Parte 1: As fases do desenvolvimento, as incertezas, o start, a experiência dinossauro e mais…” – https://www.sementesdasestrelas.com.br.br/2020/05/ashtar-historia-da-criacao-parte-1-as.html 

Ashtar – “A História da Criação – Parte 2: O processo destas canalizações. A semeadura. Almas nativas da Terra e mais…” – https://www.sementesdasestrelas.com.br.br/2020/06/ashtar-a-historia-da-criacao-parte-2.html 

Sri Prem Baba: O passado são memórias. O futuro são fantasias. Só o presente existe. – https://dharmadourado.com.br/sri-prem-baba-o-passado-sao-memorias-o-futuro-sao-fantasias-so-o-presente-existe/ 

A paciência ao curar-se – https://youtu.be/rGPliWXehPQ 

Sobre a morte nos EUA – https://youtu.be/pj3dykvsMeY 

Autorresponsabilidade: um desafio no autoconhecimento – https://dharmadourado.com.br/autorresponsabilidade-um-desafio-no-autoconhecimento/ 


Audiobook “Quem pensa enriquece – o Legado” – https://www.storytel.com/br/pt/books/1474656-Quem-pensa-enriquece 


Autor: Camila Picheth (Equipe Sementes das Estrelas)
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