Matt Kahn – “A Lição do Fogo”

Matt Kahn – “A Lição do Fogo”

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Imagine-se sentado ao redor de uma fogueira com amigos. Sente o calor do fogo, mas começa a ficar paralisado, quase hipnotizado pelas formas mutaveis da fumaça que dançam acima das chamas. Na medida em que a fumaça se movimenta em vários padrões, um rosto pode ser visto. Esquecendo-se do ambiente a sua volta, imagina que o rosto que vê na fumaça é você. Primeiro pensa: “Como fui parar aqui? Fiz algo errado? Estou sendo punido?” Talvez, com medo pensa: “Tenho que sair daqui antes que esse fogo queime meu rosto em forma de fumaça.”

E comenta em voz alta: “Ei, vocês estão me vendo aqui na fumaça?” Ninguém vê porque, do ponto de vista de cada um, a fumaça assume formas diferentes, oferecendo uma distinção na experiência. Como ninguém além de você vê o seu rosto moldado na fumaça, sente tristeza. “Ninguém me vê nem entende a singularidade de minha experiência”.

Enquanto a alternância do rosto em forma de fumaça vai e vem, de repente percebe: “Não sou a forma de fumaça que vejo, sou a testemunha dela”. Então retorna à sua perspectiva como a dos dos demais observadores sentados ao redor de uma fogueira e diz aos outros: “Acabei de ter a mais louca experiência espiritual. Me perdi na forma de um rosto que vi na fumaça, mas percebi que aquele que a vivencia é muito maior. Não acho mais que sou a fumaça prestes a ser queimada pelo fogo. Ela pode aquecer minha pele, mas não pode de forma alguma tocar o observador. Agora entendo a natureza do ego”.

Na medida em que compartilha essa percepção com uma mistura de ressonância, silêncio e confusão, a experiência se aprofunda. Tudo o que acabou de perceber era fundamentalmente verdadeiro, mas permanecer ali seria a criação do ego espiritual. Se o ego fosse o rosto moldado a partir da fumaça que se vê, o ego espiritual só poderia ser o rosto daqueleque o vê.

Então, ouve uma voz em seu coração: “Está pronto para ir ainda mais fundo do que essa percepção?” Quando está prestes a responder sim, sua experiência muda. De repente, percebe que as formas que entram e saem da fumaça e cada pessoa sentada ao seu redor são todas expressões iguais do fogo que vê. É como se a identidade projetada no rosto moldado a partir da fumaça e até mesmo as identidades dos observadores a sua volta fossem todas formas únicas do  fogo conhecer a si mesmo.

Quando pensava que era um rosto dançando na fumaça, sua experiência deslizava pela superfície da realidade, onde temia ser queimado pelo fogo. Mesmo quando se via como observador, era um personagem separado do poder da chama, próximo o suficiente para ser aquecido por seu calor, mas sem uma percepção direta de seu brilho infinito e poder eterno. Depois de se aprofundar no assunto, percebeu que é a chama eterna da existência, alimentando a alegria da autodescoberta como observador do fogo e das crenças projetadas na forma que a fumaça assume ao vê-la.

Como o fogo, você é a Fonte de todas as experiências e o ponto de interseção da conexão que faz de si e das pessoas ao redor da fogueira uma realidade unida, mesmo que a vivenciem como testemunhas ou observadores separados. Então surge o medo: “Como vou manter o fogo? E se os outros começarem a me envolver como seus observadores separados e me puxarem de volta para o meu corpo?” Então, sua experiência se aprofunda: Se a fumaça e o observador são expressões iguais do fogo, então não pode ser errado experimentar a mim mesmo dessa forma. Era apenas limitante e denso quando pensava que era apenas o rosto moldado pela fumaça ou o observador do fogo.

Agora que sei que sou realmente o fogo dentro de tudo isso, assim como todos os outros, aceito que é a vontade do fogo explorar as experiências de intercâmbio, seja como fumaça, a aparência de pessoas aquecidas pelas chamas ou a testemunha aprendendo com suas observações. Percebe que, mesmo que seja puxado de volta para a infância da fumaça ou para a adolescência da observação, sempre foi o fogo dentro de tudo, expressando o poder da luz que não sabe obscurecer, diminuir ou brilhar menos intensamente.

Aplicando isso à sua vida, os rostos moldados pela fumaça são a paisagem em constante mudança do pensamento. Você não é o personagem que cada pensamento sugere, mas a fonte do próprio pensamento – que existe logo abaixo da superfície de sua experiência. A crença de que é esses pensamentos em forma de fumaça e nada mais é a natureza do ego. Isso é aprendido pelo ego espiritual, ou o observador da fumaça, que por acaso é uma fumaça de formato mais denso que se imagina ainda separada do fogo presenciado. O tempo todo, a verdade de sua natureza infinita existe como um fogo que não pode ser extinto e que experimenta a si mesmo como um mundo de pensamentos e observadores que ganham vida a partir de uma dança atemporal de fumaça e cinzas.

Uma vez que saiba que é o fogo que queima intensamente em cada coração, é a vontade do fogo, além do alcance e da compreensão da vontade pessoal, que decide se qualquer momento é vivenciado como fumaça, observador ou o próprio fogo. A partir desse espaço de clareza, ser a fumaça ou o observador não contém mais medo ou limitação, pois é apenas a maneira pela qual um fogo inextinguível de consciência cresce e se expande. O destino da fumaça pode mudar, assim como a perspectiva do observador. O tempo todo, você é um fogo ardendo intensamente dentro e ao longo de tudo isso, sem nada para descobrir, processar ou manter em ordem. Mesmo que houvesse algo a ser processado, seria apenas a fumaça mental ondulante que o lembra de como você é um fogo inteligente e poderoso. Este é o momento em que está livre.

Não pode retroceder depois de saber disso. Não se trata de uma crença a ser mantida ou de uma ideia a ser defendida.

É assim que as coisas são.

Agora pode realmente aproveitar a magnitude da fogueira, independentemente das diferentes experiências das pessoas ao seu redor.

Tudo por Amor,

Matt.

Canal / Autor: Matt Kahn
Fonte: https://eraoflight.com/2024/03/19/lesson-from-the-fire/
Tradução: Sementes Das Estrelas / Candido Pedro Jorge

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