Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Gerrit Gielen – “Sobre perdoar aos outros e a si mesmo”

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Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

SOBRE PERDOAR AOS OUTROS E A SI MESMO

Muito tem sido escrito sobre perdoar os outros, mas menos sobre perdoar a si mesmo. O que me chama a atenção é que todos concordam que perdoar é, de fato, uma coisa boa a se fazer, mas o motivo pelo qual é uma coisa boa a se fazer geralmente não é explicado claramente. Achamos que é bom perdoar porque seremos recompensados por isso no céu. Uma pessoa boa é uma pessoa que perdoa e nós queremos ser bons. O autoperdão é uma história totalmente diferente e mais difícil. Será que é possível perdoar a si mesmo? Podemos nos perguntar se é correto que um criminoso perdoe a si mesmo. Se alguém pode perdoá-lo, isso não é coisa da vítima? Esse ato não é reservado a ela?

Há muitas perguntas que surgem em torno do tema do perdão e, neste artigo, espero lançar alguma luz sobre elas, analisando o perdão sob a perspectiva do crescimento interior.

Por que é bom perdoar?

Porque é difícil perdoar.

Todos nós já vimos filmes que giram em torno de vingança. Para nós, esses filmes são divertidos de assistir; gostamos quando, no final, a vítima se vinga e dá uma boa surra no agressor. Como é libertador ver isso, o oposto de perdoar, mas para algumas pessoas é extremamente satisfatório. Por que isso acontece? Será que é porque a vingança é uma violência moralmente legitimada e nos sentimos no direito de vivenciá-la? Pode ser verdade que assistimos a um filme sobre violência e vingança, então não precisamos nos sentir culpados, desde que o vilão seja morto, espancado ou que algo horrível aconteça com ele. Isso nos faz sentir bem e, afinal, não temos o direito de nos sentir bem com isso?

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Em outras palavras, uma das razões pelas quais o perdão é difícil é porque acreditamos que os vilões são figuras unidimensionais, sem história de fundo, ruins por completo. Portanto, perdoá-los não faz sentido, mas se vingar faz. Os filmes em que a vítima perdoa o criminoso são menos emocionantes e espetaculares do que aqueles em que a vítima se vinga. A crença em um inferno eterno, onde os vilões são punidos para sempre, é muito difundida porque acreditamos na existência de vilões incorrigíveis.

Na Idade Média, as pessoas achavam que um dos maiores prazeres de ir para o céu seria ver todas as pessoas no inferno abaixo delas. Finalmente, a vingança. Isso é primitivo? Será que somos tão diferentes daqueles que viveram naquela época quando gostamos de ver o vilão ser punido? Pelo menos esse é o caso quando somos de fora, porque o desejo de vingança vive principalmente na mente de observadores que não sabem realmente o que é ser uma vítima.

O DESEJO DE JUSTIÇA DAS VÍTIMAS

Se você conversar com as vítimas, descobrirá que elas geralmente não querem vingança. Elas querem ser vistas e ouvidas, querem que seu sofrimento seja reconhecido. Elas querem que o agressor perceba o que fez com elas. Elas não querem vingança, mas querem justiça e, no nível mais profundo, querem que o agressor cresça em consciência. Isso é algo completamente diferente. A vítima raramente realiza seu desejo, porque isso raramente acontece. Em geral, os criminosos negam ou minimizam seus crimes. Considere, por exemplo, a descoberta de abuso infantil generalizado na Igreja Católica. Quantos padres expressaram arrependimento às suas vítimas? Não me lembro de ter visto uma única reportagem nos noticiários sobre isso. Pelo contrário, eles negam sua culpa e encobrem seus crimes. Se uma vítima esperar que o agressor demonstre arrependimento e remorso, infelizmente, ela esperará por muito tempo.

Portanto, para resumir, achamos difícil perdoar porque, no fundo, temos uma visão de mundo dualista em que o mal é o mal e o bem é o bem. Para perdoar, precisamos aprender a aceitar que há bondade em cada pessoa e estar dispostos a ver essa bondade. É esse bem que nos une e torna a humanidade uma só.

Por que perdoar?

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Nós perdoamos uns aos outros para podermos nos libertar. Se a vítima não perdoar, ela permanecerá sob a influência do agressor e sua vida será determinada por essa energia. Enquanto a vítima não perdoar, ela continuará sendo uma vítima. O perdão não é para o agressor; é para você. É um ato de força, um ato de dizer “eu”. É assim que você segue em frente com sua vida, segue seu caminho e se liberta da energia do ofensor. Perdoar é defender a si mesmo. Perdoar é pegar sua espada e usá-la para cortar o vínculo com o ofensor. É um ato masculino. Perdoar é escolher não ser mais uma vítima.

Como deixar o agressor ir embora e bani-lo de sua mente? Perceba o que o agressor realmente fez a si mesmo. O universo é um só e essa unidade está dentro de nós. Uma pessoa que fere outra quebra sua conexão com ela. Quando um homem abusa de uma mulher, ele danifica sua própria mulher interior. Ele danifica algo dentro de si mesmo.

Quando você olha nos olhos do agressor, não vê felicidade; vê o vazio. Toda vez que uma pessoa comete um crime, ela rompe um vínculo consigo mesma, com sua criança interior. O vínculo com o universo também é rompido, assim como o vínculo com seus semelhantes, com a natureza, o passado e o futuro. Todo vínculo rompido leva inevitavelmente à perda da felicidade. Talvez o agressor seja rico e viva em um ambiente bonito, mas você não encontrará felicidade em seus olhos.

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

A vítima anseia que o ofensor se conscientize, mas, no final, o universo se encarregará disso. Ele fará tudo o que puder para restaurar a integridade da pessoa que causou o dano. Repetidamente, o ofensor terá a oportunidade de se tornar mais consciente e ter mais percepção de si mesmo. No entanto, pode levar várias vidas para chegar a isso. A realidade incentiva a conscientização. Como vítima, você não precisa fazer nada. “Viver bem é a melhor vingança” é uma expressão inglesa bem conhecida e uma verdade profunda. Viva sua vida ao máximo e deixe o universo fazer seu trabalho.

Deixe de lado o agressor, perdoe e viva sua vida. Não desperdice a energia de sua vida com o agressor, dê essa energia a seus entes queridos. Perdoe e se liberte para estar presente para aqueles que o merecem. O perdão é um ato de força; é escolher por si mesmo. Alguém que consegue perdoar de verdade continua com sua vida e não permite que ela seja determinada pelo que lhe foi feito. Dizer “eu o perdoo” é dizer que não sou mais uma vítima, que estou livre da condição de vítima. Você não permite mais que o agressor tenha acesso à sua vida interior. Isso é tornar-se completo novamente, tornar-se um novamente; abandonar a dualidade.

Agressores e seu longo caminho para o autoperdão

Os agressores precisam perdoar a si mesmos porque, sem o autoperdão, a consciência será bloqueada e o crescimento não será possível, apenas a estagnação. O autoperdão parece simples. Eu faço algo errado e penso: “Vou me perdoar e continuar com minha vida”. Mas não é assim que funciona. O autoperdão só é possível quando você sabe o que fez à vítima e compreende a tristeza, a dor e o sofrimento que causou. Até que isso aconteça, você não saberá o que deve perdoar a si mesmo e, se não souber, o autoperdão será impossível.

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Dizemos que o tempo passa e que, para o criminoso, a lembrança do crime se desvanece no passado e, por fim, ele tentará esquecê-lo e será menos incomodado por ele. Dizemos que o tempo cura tudo. Psicologicamente, não é assim que funciona, é exatamente o contrário. A consciência de um ser humano quer continuar a crescer, tornar-se mais leve, enriquecer-se, evoluir, acompanhar o fluxo da vida e do universo, mas quando alguém comete um crime, o crescimento cessa. A dor que o criminoso causou à vítima, o sofrimento que ele causou, é como um rio que corre à sua frente e bloqueia o caminho. Para se curar, ele precisa atravessá-lo a nado, vivenciá-lo internamente e compreender o que fez à outra pessoa. Imediatamente após cometer o crime, isso ainda não é um problema terrível, sua vida continua. Mas se o culpado nunca se permitir sentir os sentimentos de sua vítima e permanecer indiferente, quanto mais tempo passar, mais sombria se tornará sua vida.

Todos nós temos um sol interior e a luz da alma seguirá seu caminho. Mas o sol interior do ofensor desaparecerá lentamente, substituído por um vazio interior, e a escuridão se aprofundará cada vez mais. Se não houver estímulos externos que incentivem a autorreflexão, por exemplo, perda ou doença, a escuridão continuará a crescer.

A CONDIÇÃO DO AGRESSOR SEM ARREPENDIMENTO

Quando uma pessoa comete um crime, a nuvem escura dentro dela cresce cada vez mais e acaba obscurecendo totalmente seu sol interior. No final da vida do criminoso, seus olhos estão vazios e sua expressão facial é amarga.

Quando essa pessoa morre e entra na esfera astral que reflete seu estado interior, é uma esfera escura de desolação e falta de vida. Quando ela perde o contato com a luz interior, perde a capacidade de criar luz e beleza. Entretanto, mais cedo ou mais tarde, ela desejará se libertar da escuridão e estará aberta a receber conselhos de seus guias.

Os agressores não veem suas vítimas como humanas, eles as veem como inferiores com base na ideologia racista, por exemplo. E isso não é fácil de esquecer. Os proprietários de escravos estavam totalmente convencidos de que, pelo fato de os negros terem a pele mais escura do que os brancos, eles eram mais animais do que humanos. Assim, os proprietários de escravos achavam que tinham todo o direito de possuí-los, dominá-los e tratá-los com crueldade.

Durante séculos, os homens acreditaram que eram superiores às mulheres e continuam acreditando até hoje. Eles se referem a si mesmos como os chamados “mestres da criação”, o que lhes dá o direito de subjugar as mulheres, forçando-as a serem obedientes e transformando-as em escravas sexuais. Os nazistas consideravam as pessoas que não se pareciam com eles, que eram de uma determinada fé e cultura, como “Untermenschen” (sub-homem, sub-humano) e, portanto, acreditavam que era aceitável assassiná-las em massa. Praticamente toda ideologia pressupõe que uma classe de pessoas é melhor do que outras e, portanto, “os bons” têm o direito de ferir os “maus”.

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

As crenças ideológicas geralmente são tão profundas que não podem ser liberadas na esfera astral. Reencarnar como vítima é a única saída porque, quando experimentam a vida a partir dessa perspectiva, o sofrimento e a dor que causaram são vivenciados e internalizados a partir de dentro. Isso não é uma punição, mas sim uma liberação da visão de mundo sufocante do agressor, e é somente com a experiência e o sentimento do que a vítima passou que existe a possibilidade de autoperdão.

A visão de mundo de um agressor é uma prisão para sua consciência. Qualquer visão de mundo que forneça uma justificativa para maltratar outra pessoa nega a unidade interior da vida. Quando você trata alguém com violência, você suprime essa unidade dentro de si mesmo e diminui sua consciência. É a unidade interna da vida que permite o crescimento da consciência. A unidade interna permite que a consciência busque continuamente novas formas e novas experiências.

Três caminhos

Quando o agressor percebe o que fez com a vítima, há três opções.

1) O agressor perdoa a si mesmo

O universo sempre dará a alguém que se perdoa a chance de consertar as coisas. O autoperdão leva ao desabrochar de algo belo. A luz interior do auto perdão é criativa. Alguns infratores passam a criar mudanças sociais e societárias e a lutar por direitos iguais, justiça social e cooperação.

2) O agressor não se perdoa

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Sobrecarregado pela dor que causou à vítima, o agressor permanece preso à culpa, continua a se punir e não acredita em nada positivo. Essa é uma situação muito desagradável. O que mais ajuda o agressor é receber o perdão da vítima. Quando ele realmente sente que a vítima o perdoa e vê que ela continuou em seu caminho e o incentiva a continuar também, geralmente há um movimento em direção ao autoperdão.

3) O agressor se distancia de si mesmo

Essa é uma situação indesejável que, infelizmente, é comum. Um agressor escolhe experimentar a vida de uma vítima, mas sua consciência permanece presa. Ele não reconhece o agressor dentro de si, então o projeta no mundo, nas pessoas e nas situações externas, de modo que não há integração. A cura da integridade interior não acontece. Ele escorrega, por assim dizer, de uma visão de mundo dualista para outra. Primeiro, há uma crença na inferioridade das vítimas, depois em forças malignas fora dele. Isso cria uma crença sagrada de que há forças malignas no mundo exterior que precisam ser combatidas.

As pessoas que acreditam em teorias da conspiração não reconhecem seu culpado interno que projeta tudo em algo ou alguém fora de si. Psicologicamente, isso explica o raciocínio por trás dessas teorias da conspiração. Muitas pessoas são pegas nesse beco sem saída e causam miséria no mundo. Sua crença na dualidade reforça a dualidade existente. A crença em agressores poderosos cria um espaço energético no qual eles podem se manifestar. O mundo exterior segue energeticamente o mundo interior. Assim, cria-se uma visão de mundo dualista que se autoperpetua e que é quase impossível de ser colocada em perspectiva. A falta de integração interior, por exemplo, entre o masculino e o feminino ou entre o agressor e a vítima, sempre resulta em uma visão de mundo dualista.

Felizmente, há uma solução, que é amar a si mesmo.

Amando a si mesmo

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O autoperdão é, em última análise, a escolha de amar a si mesmo porque, se você puder amar a si mesmo, poderá se perdoar. Amar a si mesmo é olhar para tudo o que existe em você com amor e trazê-lo à luz, tanto o agressor quanto a vítima. Você já foi um agressor, já foi uma vítima e, talvez, os dois ao mesmo tempo. Você já foi poderoso e já foi impotente. Você já foi tudo; portanto, tudo está dentro de você. Amar a si mesmo significa amar a si mesmo como agressor e como vítima.

Enquanto acreditar em agressores que existem fora de você, você negará a unidade interna do universo e, enquanto acreditar nisso, negará sua própria unidade interna. Isso é um sinal de que você não tem amor-próprio e está relacionado ao motivo pelo qual você rejeita o agressor interior. Isso também pode se manifestar como desprezo pela vítima interior, resultando em sentimentos de inferioridade.

As pessoas podem se desprezar por deixarem que os outros passem por cima delas, tirem vantagem delas e, por fim, elas se culpam. Vivemos em um mundo onde a fraqueza é desprezada, onde as pessoas que são vulneráveis e sensíveis desprezam a si mesmas. Pense na vítima que existe em você, pense em todas as vezes em que deixou que os outros passassem por cima de você ou pior. Talvez você tenha sido espancado, abusado ou roubado e, em vidas passadas, tenho certeza de que coisas piores aconteceram.

Vá até essa parte assustada de você agora, aquela que está se escondendo, sentindo-se inferior. Ame-a, conforte-a e deixe o amor fluir para ela. Ela é uma parte de você, uma parte extremamente sensível e vulnerável e, portanto, muito preciosa. Ele lhe proporciona uma profunda compreensão e percepção dos outros. É a fonte de sua capacidade de sentir empatia e amor. Aceite-a, ame-a e perceba que, em um nível muito profundo, você optou por vivenciá-la. Faz parte do ser humano. Ela completa você.

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Você certamente já ouviu falar de exercícios em que você se olha no espelho e faz afirmações positivas para si mesmo. Isso é ótimo! Mas sugiro que você faça algo diferente. Olhe-se no espelho e diga: “Você é um otário! Deixou que as pessoas passassem por cima de você, mas ainda assim eu o amo muito.” Aprender a dizer “não” aos sentimentos de vítima e a se defender começa com o sentimento de amor pela parte de você que é fraca, vulnerável e sensível. A parte que é considerada fraca por este mundo, na verdade, é cheia de beleza. Ame-a e ela florescerá. Não despreze essa parte de você, ame-a. Há uma enorme escassez de pessoas gentis, fracas e sensíveis neste mundo e, quando você estiver vulnerável, lembre-se de que isso é um sinal de sua beleza interior. Basta olhar para o mundo ao seu redor: tudo o que é belo é vulnerável.

Em seguida, pense no agressor que existe em você. Quantas vezes você machucou outras pessoas sem querer? Quantas vezes machucou alguém em suas fantasias ou foi violento com alguém em seus sonhos? O que você fantasia ou sonha geralmente tem a ver com vidas passadas. Aceite isso. Faça uma caminhada na floresta sozinho e imagine que você é uma árvore. Cada raiz da árvore representa uma vida passada, e todas elas estão conectadas à terra. Conecte-se com as raízes que estão ligadas a uma vida em que você era o ofensor. Essas raízes também o alimentam. Elas lhe dão energia e força e também precisam de sua atenção e amor. Deixe seu amor fluir para essas raízes e para todos os ofensores dentro de você.

Concluindo: integridade

Sobre perdoar aos outros e a si mesmo

Quando você aceita que foi tanto agressor quanto vítima e ama ambos, isso cria um espaço energético interno onde agressor e vítima podem se encontrar e perdoar. Isso é autoperdão. Isso é integridade. Isso é ser humano. Quando você aceita a sua humanidade, aceita que é tanto agressor quanto vítima. O poder e a energia do agressor podem agora cooperar com a empatia da vítima. O resultado é uma pessoa criativa e amorosa, que ilumina os outros com compreensão e compaixão. Aquele que ama e perdoa a si mesmo se aproximará de seus semelhantes dessa forma, garantindo que a dualidade artificial deste mundo não seja mais fortalecida. Em vez disso, uma nova energia é fortalecida; uma energia que restaura a harmonia e a unidade do mundo e espalha a crença no poder do amor.

Ame o agressor, ame a vítima. Quando você faz isso, ambos se sentem apoiados pelo seu amor, podem olhar nos olhos um do outro, o que torna possível o autoperdão. Um fluxo interno é criado e você começa a viver a partir de sua alma. A alma só pode fluir por meio da personalidade quando há harmonia interior. A manifestação dessa harmonia interior cria um novo mundo, uma nova Terra – um mundo no qual os seres humanos vivem em harmonia uns com os outros, com as plantas, os animais e a própria Terra. E então, a era em que os humanos estiveram separados da natureza por tanto tempo finalmente termina.

O homem integrado é um homem criativo, um homem que cura.

Canal/Autor: Gerrit Gielen
Fonte: https://www.jeshua.net/articles/by-gerrit/on-forgiving-others-and-yourself/
Tradução: Sementes das Estrelas / Paula Divino

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