A ansiedade social gera grande sofrimento. Dificuldade para falar em público, pensamentos excessivos de autocrítica e sintomas físicos são alguns dos seus sinais. Como é possível compreender e lidar de maneira saudável com esses desafios?
A ansiedade social se manifesta através de uma grande dificuldade de se expressar e sentir bem-estar quando estamos em situações relacionais ou quando precisamos nos apresentar publicamente. Em momentos de crise, o suor, o rubor, o coração acelerado impede o pensamento racional sobre o que realmente está acontecendo. O ponto comum desse transtorno se manifesta no grande sentimento de impotência e na frustração de não conseguir se expressar como gostaria.
Muitas vezes, a situação é incapacitante e gera um nervosismo que reverbera por muito tempo após o evento. Isso porque os pensamentos de autocrítica são muito intensos e existe uma grande identificação com eles. Além disso, é bem provável que esse seja um padrão que foi muito nutrido nas relações mais próximas nos primeiros anos de vida.
Essa combinação cognitiva e emocional se embasa em pensamentos distorcidos sobre a realidade e faz com que a situação concreta seja reconhecida a partir de lentes mentais “embaçadas”, que colorem o que ocorreu de fato.
Esses pensamentos de autocrítica vêm de onde?
É claro que existe uma base psicológica que sustenta esses padrões de pensamento. Na psicologia cognitiva, essas bases são chamadas de crenças centrais, as quais produzem pensamentos e comportamentos não saudáveis, que nos trazem sofrimento.
Também gosto muito do que a sabedoria budista fala sobre o sofrimento humano, em geral. Todos temos, em potencial, as mais diversas sementes em nossas consciências. Amor, raiva, alegria, nojo, tristeza. Essas sementes são regadas pelos outros e por nós mesmos, criando raízes e árvores frondosas. Se as sementes regadas foram de paz, sentiremos e expressaremos paz nos pensamentos e na comunicação. Se foi de raiva, nossos hábitos se expressarão a partir dela. Já nas sementes de medo, a ansiedade, a insegurança e a crítica excessiva irão revelar uma baseada nesses sentimentos.
Geralmente, na ansiedade social, existem crenças específicas, afirmando que a pessoa não tem capacidade para desempenhar alguma coisa, é feia, não é boa o bastante, por exemplo. Além disso, existe uma combinação dessas crenças com certas emoções básicas, como o medo, o nervosismo, a ansiedade. Ou seja, as árvores desses modos mentais estão firmemente ancoradas em nessas consciências.
E o que fazer para lidar melhor com tudo isso?
O fato é que ansiedade é uma emoção natural dos seres humanos. Ela nos movimenta, nos inquieta, nos impulsiona para o novo e nos protege de situações ameaçadoras. Por isso, a busca por eliminar esse sentimento não é saudável e não é possível.
Reconhecer esses padrões enraizados no sistema psicoemocional já ajuda a criar um certo espaço entre os pensamentos e as emoções, caminhos importantes para gradativamente os sintomas diminuírem. No entanto, a raiz se fundamenta nas crenças (na árvore), e nas visões mais profundas sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre as pessoas.
A investigação dos padrões de pensamento e das crenças, aliada à meditação e à atenção plena, são de excelente ajuda. No entanto, como não estamos habituados a olhar para o nosso interior, isso pode ser muito doloroso em um primeiro momento.
Na psicoterapia, a pessoa é convidada e olhar para o seu centro, resgatando a sua espontaneidade. O autogerenciamento é um dos objetivos mais importantes, capacitando a lidar com os sintomas físicos da ansiedade, ampliando o seu relaxamento entrando em contato com a respiração. A atenção plena e a investigação das sementes que foram regadas ao longo do tempo também é um objetivo central, a fim de que, gradualmente, outras árvores cresçam, deixando as disfuncionais secarem sem nutrição, até que percam o poder. Além disso, é encorajado que a pessoa se arrisque nas situações em que tem medo, respeitando o seu processo e sempre de maneira segura.
E, lembrando sempre, a busca de um profissional qualificado é fundamental para auxiliar alguém que está em intenso sofrimento, já que ele tem a capacitação necessária para facilitar a transformação pessoal com profundidade e segurança.
Um grande abraço,
Daniel Danguy
Psicólogo (CRP 08/30999)
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